Não me condenes porque te escrevo.
Lê-me primeiro, antes de me criticares.
Sei hoje que não te quero mais. Que me cansaste a alma e o
peito e que tudo o que via em ti fugiu. Ficou-se na praia, naquela praia em que
te encontrei de olhos postos em quem não era eu.
Vi-te lá, vi-te e quis-te. Mais que ao próprio ar. Quis-te
saborear, palpar, sentir, saber-te de cor.
… e a tua pele ali, tão próximo de mim como que a chamar pelo meu nome! (vem cá…)
… e a tua pele ali, tão próximo de mim como que a chamar pelo meu nome! (vem cá…)
Tu nem me viste, nem reparaste o quanto ardia por dentro
pelo teu cheiro, pelo gosto da tua boca em carne quente e por te ter ali,
naquela hora, quando todos nos viam em suspenso.
Mas não te posso julgar. Não foste tu quem disse adeus, mas
todos os que antes me viram afastar depois de um primeiro olhar. Primeiro,
segundo, outros tantos que me fizeram perder a razão e deixar-me levar
pela vontade de entrega pura da carne.
junho de 2000
- Olá, quem és tu?
- Olá, quem és tu?
- Olá, sou eu...