Quero-te provar, encontrar esse equilíbrio entre o sabor e o cheiro do que és por dentro... quente, doce, vibrante... Poder morder das próprias entranhas o suco da vida e beber até saciar a minha sede de ti.
Conheço-te de cor, sei a ordem dos teus traços, o perfil do teu corpo, o toque da tua pele que alterna entre o macio e o áspero, o liso e o rugoso... a pele que te protege de mim e desse desejo perverso de te saber. Encontrar-me nas tuas veias, nos brônquios, no fémur, cúbito e rádio, em todas as células, órgãos e miudezas e poder fazer-te parte do que sou, do tangível e visível, para sempre.
Entra em mim, alimenta os meus poros, o meu desejo mórbido, o meu sangue!!!
E enquanto suspirares, enquanto a morte se for apoderando, lentamente, dos teus sentidos, saberás que continuarás a viver em mim, pelo gosto, pelo sabor, levemente temperado de especiarias que o próprio ar carrega.
Ah, o deleite, o prazer, o derradeiro pecado original. Pertenceres-me completamente como a caça ao caçador.
Oferece-te!
Eu espero...
29 abril, 2007
16 abril, 2007
e se...?
E se eu hoje quisesse beber da tua carne, saborear as veias palpitantes enquanto ainda vertem, sentir esse odor quente, fértil, semi-vivo, e lambusar-me das tuas vísceras?
medo...
perder...
só perde a razão quem ainda gosta de pensar. só tem medo quem ainda pensa.
Preferes ter as minhas entranhas?
Hoje não!!!
É a minha vez...
05 abril, 2007
a ninfa...(parte2)
O contacto físico pode ser perigoso se a líbido estiver demasiado desperta... se o ventre pede, se a boca mordisca e se as mãos procuram entrelaçar, ou simplesmente tocar até sentir o calor, as pequenas linhas marcadas nos dedos, as curvas sinuosas cravadas pelo tempo e aquela humidade que denuncia um nervoso miudinho.
Foi, porém, num gesto brusco, quase desajeitado pela dor que a pele reclamava, que eles se sentiram. Primeiro tentando entrelaçar os dedos e depois numa luta de lábios qual tentativa de decidir quem seria a presa e qual o caçador.
Para mostrar toda a sua virilidade, puxou aquela pequena ninfeta cor de ginja, que não deveria ter mais de metro e meio, contra si e num com um movimento rápido mas sublime cruzou as suas pernas no seu colo. Elevou-a no ar... ia fazer dela a sua pequena deusa, a sua maçã proibida, o seu doce de cereja por uma noite! Queria tê-la ali, naquele instante em que os dois corpos se encontraram quase por completo, ou não fossem as vestes (menos ou mais ousadas, sempre espartilhadoras de emoções), e vibravam em frenesim. As veias dele palpitavam incessantemente tal como os músculos se contraíam em espasmos espectantes. Estava pronto e ela sabia-o.
Suspensa, ela puxou-lhe algumas madeixas de cabelo para trás por forma a poder simplesmente contemplá-lo e deliciar-se com o brilho quente daqueles olhos que a continuavam a beijar ainda que de longe.
Estava a provocá-lo! (e ele começava a protestar com a mão livre que lhe percorria o corpo sem pedir licença...)
Estava a mirá-lo como quem vê uma montra, um catálogo, um desfile e procura decidir o peso da tentação. Homens como ele já tinha conhecido alguns, vários... Sempre iguais. Sempre o mesmo jeito, o mesmo feitio e inevitavelmente a mesma confiança que rapidamente se transformava, a seu ver, em pura ingenuidade.
Mas aqueles olhos tinham algo diferente... pimenta preta com umas gotas de mel... Isso! Tinha um olhar agridoce.
Como se fosse apoderada por um sentimento carinhoso, largou as poucas madeixas com que o prendia, molhou os lábios dele com a sua língua e quebrou o silêncio:
-"Queres?"
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