15 dezembro, 2011

a(DOR)ar

Desculpa se não consigo parar
Se persisto no erro
Se custa a sarar
Se me assombra o medo
Se choro em segredo
E receio ver tudo a acabar

Perdoa se insisto em falar
Se volto à mesma história
Se me magoa a memória
Se sinto no peito
Se fico sem jeito
Mas fico sem ar

...quero dizer-te que te adoro
que te sinto
que te quero
que sorrio
que arrepio
mas dói a Dor...ar

25 agosto, 2011

...e

… sim custa.
Custa-me que mais alguém tenha visto
por aquele prisma
com aquele olhar
daquele ângulo
que entretanto eu descobri…

…e vou descobrindo a pouco e pouco
ao mesmo tempo que me vou perdendo,
mas sabe bem…

Sabe tão bem
como passar a mão pelo cabelo
e olhar bem lá dentro
e sentir que aquece!

e sim…
por isso custa.
Custa-me por querer só para mim
e saber que divido com o tempo,
com o passado e com a memória
a tua, a minha e a dos dias...
e porque não sei gostar menos
     
não sei palavras por metade




24 maio, 2011

Cans(aço)

Cansa-me o cansaço
Que pesa no peito
Nas palavras sem jeito
Que sem pudor desfaço

Cansa-me o que faço
E o que não faço e tudo mais!
Aborrecem-me e cansam
Todas essas frases iguais



Foram filmes e sons
Cenas e sons
Sombras e luzes
Cores e vozes
..e um imenso cansaço
aço
aço
aço


Quando quiseres entrar,
vem devagar
mas não me canses...

26 abril, 2011

Pinta(rola)

Salta a pinta pintarola
Saltita!
Salta a pintarola da pinta
Catita!
Pinta que desse lado salta
Bonita!
Solta-se a pinta e eu derreto…
Que pinta!

21 abril, 2011

beijo bom

Era uma vez… porque todas as estórias começam assim e esta, apesar de ser de um beijo, não podia ser diferente. É a estória do Beijo que andava perdido entre duas bocas que teimavam em não se encontrar.  O Beijo ficava por ali, no canto direito do lábio, esperando o melhor momento, a hora certa, o minuto exacto que parecia nunca chegar!!! O desespero, a dúvida e a terrível cócega que se apoderava da pinta do nariz quando o Beijo para lá fugia a fim de se esconder…

Olá’ – dizia o Beijo escondido no canto direito da boca dele
‘Olá’ – piscava o olho o Beijo perdido no canto direito da boca dela

Mas os lábios diziam outras coisas, alheios à comunicação do Beijo ali esquecido. Falavam de tudo e de nada, de sons e silêncios, de risos gargalhadas e até da chuva e do tempo. E o Beijo lá ficava, de braços cruzados e impaciente, sem perceber porque não se podia mostrar.
Este era um bom beijo, feito de açúcar e algodão doce, de confetis e bolas de Berlim, de café e licor de anis, de dúvida e curiosidade, de química e atração… prometia muito o bom do Beijo e os lábios que continuavam sem se tocar…!
‘Grrrr’ – rosnava o Beijo impaciente da boca dela
‘Hmmm…’ – pensava a medo o Beijo quente da boca dele

Enquanto isto, lá ficavam os lábios em franca comunicação, lançando ao ar palavras esdrúxulas que flutuavam frente aos olhos para onde o Beijo havia viajado. Porque um beijo, para ser bom, deve ser dado, e roubado, sempre com o olhar que lentamente percorre o canto direito do lábio.
‘Beijo, chamo-me Beijo’ – cantarolava o Beijo fugido para o olhar dele
‘Beija-me então, Beijo’ – pedia o Beijo perdido no olhar dela

Foi preciso um silêncio, várias cócegas, dois passos, um momento em que os lábios se calaram e os olhos se despediam para que o Beijo aparecesse. E foi como prometia… ou até melhor… bem melhor… Trazia cor, rimas e covinhas na cara. Trazia o toque, o peito e a minha cabeça no teu. Trouxe um abraço quente, um sorriso cá dentro e cócegas no coração.
‘Olá, Beijo Bom’ – digo-te eu e o beijo com saudades do canto direito do teu.