30 julho, 2007

tu e eu


É nos dias mais cinzentos que te encontro. Sentada sobre o parapeito da minha janela, perdida sobre o mar. Há quem diga que ouço os teus murmurios nos meus sonhos, mas eu sei que apenas te sinto quando o meu barco encontra o cais. Entre jeitos e enleios profundos, descortino a sombra dourada que paira na tua mente e se envolve em cada momento que te sinto. Passo a passo caminhamos de mãos dadas, voltamo-nos para o próprio vento em busca daquela resposta que irá fazer-nos sorrir. Percebo os teus olhares travessos em tons de sombra, repetindo cada sílaba que sai da minha voz. Não tremo nem temo os dias porque sei que estás aí. Somos um tu e eu, eu e tu, o encontro de mim com o meu próprio ser que por momentos rompeu as próprias raízes que nos ligavam.

19 julho, 2007

do what you have to do

What ravages of spirit
Conjured this temptuous rage
Created you a monster
Broken by the rules of love
And fate has led you through it
You do what you have to do
And fate has led you through it
You do what you have to do ...
And I have the sense to recognize that
I don’t know how to let you go
Every moment marked
With apparitions of your soul
I’m ever swiftly moving
Trying to escape this desire
The yearning to be near you
I do what I have to do
The yearning to be near you
I do what I have to do
But I have the sense to recognize
That I don’t know how
To let you go
I don’t know how
To let you go
A glowing ember
Burning hot
Burning slow
Deep within I’m shaken by the violence
Of existing for only you
I know I can’t be with you
I do what I have to do
I know I can’t be with you
I do what I have to do
And I have sense to recognize but
I don’t know how to let you go
I don’t know how to let you go
I don’t know how to let you go


--- Sarah McLachlan

02 julho, 2007

(i)material

Se de um gesto triste ou de um sorriso falhado eu visse a transparência da alma… Arrancá-la, sangrá-la, esgotá-la sem pudor! Ver as vísceras, os órgãos, os músculos. Ver bem, ver dentro de mim. A matéria de que se é feito, os átomos que se movem, moléculas, células até ao infinito e deleitar-me com essas pérolas palpitantes, esses contornos que me fazem Ser. Entre estímulos e reacções movimentos ou vibrações, assegurar os limites entre cada porção e saber a matéria que faz bater o coração.

Ser a veia que transporta, ser o osso que sustenta. Ser carne, sangue e tudo… E absorver num sorriso o cheiro delicado de uma Primavera tardia, da relva cortada, molhada numa noite fria. Deixar que o pensamento voe solto sem as fronteiras do metafísico, exorxizando todo o contexto real, tangivel, palpável.


Existir mais que Ser... Possuir mais que apenas Ter...
Planar entre universos de omnipresença e Sentir... sem tocar, sem ver ou ouvir, sem cheirar ou saborear... De uma orgia dos sentidos passar para o nada simples do Nada, a ausência, o abstracto em planos díspares, o Tudo dentro do vazio e deixar que o riso daquela criança de guarda-chuva amarelo que brinca lá longe, trespasse o corpo e se fixe na alma como os grãos de areia arrastados da praia pelo vento norte.