28 outubro, 2007

long(i)tudo

Longe vão os tempos em que te senti. Longe vão as horas e os minutos passados em beijos ternos e apenas o silêncio do olhar. E todos os sentidos se perdiam num mar de canela e almíscar. Era um olhar que me aquecia, fazendo todos os meus órgãos pulsar... De mansinho surgia o gosto, lançando cócegas no palato e o salgado de tez molhada.
Perco-me nas lembranças do desejo...

- onde estás?

Tudo começa no simples ofegar porque o ar parece fugir do próprio ar.

- estás aí?

Tudo começa com as palavras... (inocentes!) Trocam-se sílabas doces, seduzem-se os verbos e as sinapses, as metáforas e as melopeias... e tudo num frenesim!

Fecha os olhos, esquece os sentidos (dominantes!) e deixa-te embalar... Cada batida no peito é um toque leve na pele, cada palpitar dos olhos, um beijo quente e cada gesto perdido, cada abraço que se afasta, cada ondular dos cabelos... sou mais que eu, e apenas eu, em ti.

Soltou-se um beijo sob a chuva. Trocaram-se as palavras prometidas entre o doce aroma de um qualquer licor partilhado. Encheram-se os olhos de brilho da noite, tremeram as mãos, o corpo, a pele crua!

Sonhei-te mais que a ilusão...

- preciso-te...



beijos violeta borboleta

11 outubro, 2007

A ninfa (o início)


Blys despertou das águas primordiais decorria o ano perfeito. Pouco passava das 3 orvalhadas que antecedem a aurora quando um lótus encarnado desabrochou no lago quente da terra vermelha e adocicada e delicada de onde nascem os devaneios e caprichos... o lugar secreto de criaturas feéricas que lançam fragâncias agridoces. Blys nasceu. Girou em tropelias, fez soar incontáveis gargalhadas na escuridão e, antes de mais um nascer das luas, perdeu-se em desejos, loucuras, paixão...