26 dezembro, 2007

saber-me

Escorre-me o teu olhar pelas mãos...
Quantas vezes apenas pedi que me guardasses num abraço
e me levasses para esse teu mundo perdido
de meninos grandes e fadas e brilhos!
Esperei-te no ar, no vento, no norte sem estrelas...
Foste o meu sol, a minha lua, a minha estrela polar e o meu cruzeiro do sul...

Era nas horas calmas, momentos mortos que nos encontrávamos.
Ficávamos assim perdidos, vendo castelos no ar e...
Era o teu calor e o teu jeito traquina em mim.

Sabia-te de cor.
Soube-te de cor pelas linhas cruzadas em labirintos nas minhas mãos
Corri os teus olhos como uma planície de cor, pontilhada pelas pétalas do teu sorriso
Respirei-te
Senti-te
Vivi-te em mim!

Escorrem as tuas mãos pelos meus olhos...
... salgados, molhados, sem cor...

Foste uma tangente ao meu círculo
Uma intersecção à minha recta, plano transversal
Caminhaste sempre no teu eixo
Sem nunca pensar na minha função.

Espera-te o infinito...
Espera-me o infinito...
Voltaremos ao princípio como o próprio relógio?

Sento-me frente ao espelho
Devolve-me um reflexo que não reconheço
Que não sou mais eu nem a minha aparição
Fita-me um olhar diferente, um sorriso oco
E nele, o teu brilho de outrora...

Soube-te em mim,
Já não me sei mais.