28 novembro, 2010

do que era... e foi

Era o sonho de uma noite que virava poesia
e por entre as ondas desaparecia,
tragado pela sede de viver.

Era a minha voz solta no ar
que pelo medo se sumia,
pedindo apenas para ser.

Era um riso e um choro contido
Eram do sangue a latejar
Foi no passado perdido
No tempo que fugia,
mas tem de acabar!

15 novembro, 2010

sabes?

Sabes quantas vezes me esqueço do sol?
Sabes quanto me pesa esse teu ar?
É como se todo o mundo olhasse para longe
E tudo voltasse à origem, ao mar.

Sabes qual a cor do teu papel?
Sabes quão doce me é a tua loucura?
Até podia escrever-ta
ou mesmo esquecer-te,
mas perco-me sempre por essa tua (minha?)
rua escura!

...meia volta, volta e meia
                                 das minhas raízes soltam-se as vozes,
                                 reclamando raios de lua cheia.

08 novembro, 2010

até chegar

Bastou um sopro, apenas um sopro para que abrissem fendas nos pilares do castelo que começava a construir (no ar?).
Das palavras se fez vento, do vento se fez machado da querra que comecei mas, vejo hoje em rajadas, jamais pude, ou poderei, ganhar.
Pela janela, o céu cobre-me o rosto da chuva que se esconde no peito...

Não cheguei a dizer-te 'adeus', mas o teu tempo (o nosso tempo?) perdeu-se nos dias.
Não cheguei a dar-te um beijo, mas da minha boca saíram, quentes, todos os verbos.
Não cheguei a contar-te o meu mundo, mas lentamente abri as portas do teu (meu?)
Não cheguei a ouvir o meu peito quando pedia outro (igual?) mas estendi-te os braços de par em par.

- Hoje sou sujeito, conceito abstrato, uma imensidão... Em mim!

Não cheguei a deixar-me gostar, mas senti... Sempre!
Não cheguei a dizer-te 'adeus', mas até sempre... talvez.