Soltam-se os passos, descem os sorrisos e todos os corpos se movem a um ritmo silencioso, invisível. Do ser nasce a vontade fulgente de um pouco mais de tempo… e corpo.
E no beijo que se troca encontraram-se naquela sala trepidante…como uma história. Viram-se, olharam-se, sentiram-se criando castelos no ar de palavras e pedras soltas.
Era o corpo que pedia outro corpo e a noite que se fez sem pensar.
29 fevereiro, 2008
11 fevereiro, 2008
Como um grão de areia
Os dias passam a correr. Num instante o sol já se escondeu dando lugar ao luzeiro redondo da noite. Como pirilampos celestes as estrelas, lá no alto, rodopiam sobre si mesmas brincando um jogo de formas universal.
Sentado num banco de jardim o Homem pára e sente a sua pequenez. Queria poder vibrar e transformar-se num pequeno cosmos para tudo saber; queria pertencer ao Olimpo mas retrai-se à sua condição mortal, efémera, fugaz…
Num relógio biológico, silencioso, como uma bomba, queimam-se os segundos, os minutos, as horas que já passaram. Qual herói da mitologia clássica o Homem rouba o fogo de Zeus, controla os mares de Poseidon, agita as areias do deserto infinito e tira o sopro ao vento norte. Do banco do jardim viaja mentalmente para um deserto quente, sufocante. Num desejo absurdo de reter todas as partículas abarca um punhado de areia que se agita num rebuliço e cai, inerte, perdido, no chão.
O deserto é o seu próprio relógio/ampulheta que se esvazia continuamente. Enquanto isso, os quatro elementos, que o Homem outrora roubou, alteram constantemente esse deserto criando a possibilidade de tudo apreender. A duna efémera do conhecimento está mesmo à sua frente mas eis que numa rajada volvem-se imensuráveis grãos, revoltam-se as areias e a duna virou planície como se sofresse uma mutação.
Nova calmia, nova paisagem, novo conhecimento a atingir. Nesta paragem utópica o calor confunde a mente e convence, atraiçoa, da existência de um verde, fresco, remoto oásis. Perdem-se os sentidos no suave odor da água…
Numa sede imensa mergulham-se as mãos e ingere-se o suco celeste, inebriante. Das folhas verdes das palmas surge a borboleta, outrora crisálida, larva. Sofrendo constantes metamorfoses criou asas e voa, rodopia num torvelinho sobre a cabeça do Homem que se deleita com a dança. As pequenas asas batem vigorosamente reflectindo partículas de luz como vitrais incandescidos.
E o bater das asas vira brisa, e a brisa vira vento que revolve novamente a areia da duna que já não existe. O oásis desaparece e um mar árido infinito estende-se, oferece-se, por todos os lados.
Surge o grito imerso no ser, surge o desespero de não conseguir compreender a impossibilidade de tudo saber. E o relógio não pára, o tempo já foi e chega o momento de voltar à simples condição de átomo (grão) perdido entre as mil e uma noites de um só dia.
beijos violeta borboleta
Sentado num banco de jardim o Homem pára e sente a sua pequenez. Queria poder vibrar e transformar-se num pequeno cosmos para tudo saber; queria pertencer ao Olimpo mas retrai-se à sua condição mortal, efémera, fugaz…
Num relógio biológico, silencioso, como uma bomba, queimam-se os segundos, os minutos, as horas que já passaram. Qual herói da mitologia clássica o Homem rouba o fogo de Zeus, controla os mares de Poseidon, agita as areias do deserto infinito e tira o sopro ao vento norte. Do banco do jardim viaja mentalmente para um deserto quente, sufocante. Num desejo absurdo de reter todas as partículas abarca um punhado de areia que se agita num rebuliço e cai, inerte, perdido, no chão.
O deserto é o seu próprio relógio/ampulheta que se esvazia continuamente. Enquanto isso, os quatro elementos, que o Homem outrora roubou, alteram constantemente esse deserto criando a possibilidade de tudo apreender. A duna efémera do conhecimento está mesmo à sua frente mas eis que numa rajada volvem-se imensuráveis grãos, revoltam-se as areias e a duna virou planície como se sofresse uma mutação.
Nova calmia, nova paisagem, novo conhecimento a atingir. Nesta paragem utópica o calor confunde a mente e convence, atraiçoa, da existência de um verde, fresco, remoto oásis. Perdem-se os sentidos no suave odor da água…
Numa sede imensa mergulham-se as mãos e ingere-se o suco celeste, inebriante. Das folhas verdes das palmas surge a borboleta, outrora crisálida, larva. Sofrendo constantes metamorfoses criou asas e voa, rodopia num torvelinho sobre a cabeça do Homem que se deleita com a dança. As pequenas asas batem vigorosamente reflectindo partículas de luz como vitrais incandescidos.
E o bater das asas vira brisa, e a brisa vira vento que revolve novamente a areia da duna que já não existe. O oásis desaparece e um mar árido infinito estende-se, oferece-se, por todos os lados.
Surge o grito imerso no ser, surge o desespero de não conseguir compreender a impossibilidade de tudo saber. E o relógio não pára, o tempo já foi e chega o momento de voltar à simples condição de átomo (grão) perdido entre as mil e uma noites de um só dia.
beijos violeta borboleta
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