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Às vezes o mundo dissolve-se nos olhos e a imagem torna-se demasiado difusa para ler. Em neblina nascem os dias que já passaram e crescem as gotas sufocadas por um grito. Era demasiado tarde naquela tarde em que o telefone tocou. Lá fora os passos continuavam cadenciados pelo frenesim de quem corre.
- Porquê?
- Porque já não sei…
E de que vale a espera? De que vale o frio que se cola ao corpo sem pudor? Mais que um gesto perdido nos dias, mais que o sorriso dado ao vento fica o som da palavra que se engasgou no peito.
- E quando saberás?
-Talvez um dia…