Há alturas da vida em que se pára para contemplar o quadro, a figura, a big picture, o puzzle que se foi montando peça a peça... é então que se percebe quantas peças estão fora de sítio, quantas estão a mais e repara-se que há mesmo peças que não fazem bem parte do mosaico mas insistem em ficar agarradas, acopladas, numa relação parasitária. Dependem do teu sorriso, dos teus bons modos, do teu bom gosto e da tua capacidade de transformar o cinzento em céu azul.
O mosaico estilhaçou em momentos, quebrou-se de peças que se soltaram sem ordem.
Cheguei ao limite das minhas peças parasitas, cheguei ao ponto da saturação da falta de bom senso e palavras inúteis. Cansei de parvoíces, de conversas irritantes, sem conteúdo nem contexto. Cansei do que nunca foi mas que acreditei, por instantes, que até podia ser...
Tenho peças deformadas, irregulares, que fazem parte de uma parte de mim que já não me sei.
Encontro-me nos pequenos detalhes, nos pormenores que me marcam a cada momento e me fazem o que sou. Perdi a conta às peças minhas, às peças coloridas que me fazem cócegas, às peças que me tornaram num vitral incompleto...
Não basta o meu puzzle querer uma peça, a peça tem de encaixar no meu mundinho... imperfeito, irregular, imprudente, inconsistente, mas meu!
1 comentário:
bom puzzle,todas a peças ligam muito bem. Parabens!
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