Vieste sem avisar, sem que eu percebesse que, de mansinho, abrias as dunas e pintavas o céu de mil aguarelas.
Soube-te o beijo, o corpo e a alma. Sei-te de cor pelas palmas das minhas mão. Sei e sinto que te trago pelo peito cheio do ar que foste insuflando em mim.
Quantas vezes te sorri em tempos idos, quantos passos caminhados em desalinho, quantas luas e sóis se passaram no desconhecimento desse verbo perfeito que agora saboreio a cada momento.
"Olá", disseste com um brilho nos olhos. Vinhas da terra do nunca, do mar da palha, do norte de um meridiano já esquecido. Convidaste-me a entrar, a sentar num dos bancos do teu jardim e a ouvir como soavam as cigarras em tardes quentes e o barulho das estrelas pela madrugada.
Roubaste-me um beijo, dei-te o sabor e a luz...