07 novembro, 2006

Cócegas no coração



"Estás a fazer-me cócegas", disse o meu sorriso num suspiro, ténue, acompanhado pelo movimento de milhões de pequenos espasmos desalinhados que culminaram nessa doce gargalhada que os olhos fez chorar. A pele é um órgão curioso, reveste e e veste, sente-se e faz sentir, cresce e renova sem esquecer as marcas que vão ficando vincadas como se de um tronco de árvore se tratasse. Olho as minhas mãos, os dedos que tento esticar até atingir o infinito... Olho os braços, as pernas, o corpo que se arrepia sob o toque quente de um beijo. Essas marcas indeléveis que vão ficando e às quais se acrescenta um gosto, um cheiro... Tudo na minha pele que já não é tronco mas continua a estender-se em busca do céu. Agora é folha caduca mas persiste em deixar uma e outra estória, tantas histórias contadas pelos milhares de filamentos que cabem tão somente na palma da minha mão como os grãos de areia que tento guardar sem que escorram pelos dedos como escorrem as memórias mais frágeis. Mas esta única, esta que de repente li de uma só vez, sem recorrer a uma bola de cristal, fez-me sorrir.
Ler-te na minha mão fez-me cócegas no coração!

2 comentários:

Conspiração das cores disse...

oláaaa tudo bem? as borboletas dao te inspiração ;) hehe. Passa pelo meu blog já tenho lá algumas amostras de borboletas ;) bjs bjs bjss

Eldazinha disse...

Basta ler na alma, no pensamento... e as cócegas das lembranças... farão sempre sorrir os amantes...
Beijinhos