O céu cinzento reflecte os vidro da janela emoldurada de um vermelho lascado e tingido pelo tempo. Assistia às gentes que passam e se passeiam, de uma forma impávida, impossível de qualquer relação ou reacção... mesmo que os feflexos fossem sombras negras de anjos caídos a quem queria apenas pedir para voar. Pelas ruelas deambulam seres, criaturas, homens-animais que se olvidam de racionalizar a sua própria existência e nem se apercebem daquela janela ali colocada, construída, moldada pelas perspectivas, pela chuva, pelo sol, pelo vento e pelos elementos mais que humanos. Por vezes atrevem-se a espreitar por ela, querem ver o seu interior - a audácia! - a luz que irradia de lá de dentro onde ainda há, ou talvez não, calor e sonhos... pensamentos mil... Daí essa curiosidade, esse voyeurismo de quem perde alguns segundos a contemplar a simples janela, de um vermelho já apagado, protegida por mantos e véus que apenas querem esconder o mais complexo de si, o remoinho de emoções, de brilhos e ilusões feéricas que iluminam, à noite, a pequena ruela escondida. Com o fim do dia aproxima-se a mariposa que habita no canto mais escuro da janela. Hoje encontrou-a fria, distante, perdida e já sem vontade de contemplar quem por ela passa e espreita.
Fui eu que me encontrei...
2 comentários:
As cortinas são importantes no compasso de espera do tempo perfeito...
Esconde-te atrás da cortina até te sentires segura e preparada para olhar a luz que quer te encontrar lá fora...
Beijocas
Eldazinha
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