30 novembro, 2006
Gotas de mel
Uma e outra vez me perco entre os silêncios. Ainda que continues a gritar, os meus ouvidos fecharam a qualquer tentativa tua em me derrubar pelas palavras. Entre presa e predador não há uma vitória justa. Nesse desafio, ou desatino, final decici escapar através da ilusão dos meus jardins plantados à beira mar... Ainda ontem o céu me parecia azul, salpicado aqui e além pelos meus próprios sonhos que deixei apagar.
São como as raízes que se estendem, são como as garras de uma ave de rapina, são assim os meus dias que se prolongam à tua procura...
Gota a gota vai caindo o sabor a mel que ainda ardia, quente...
Ainda lembro o cheiro colorido, adocicado, atraente, misterioso do proibido. As tentações são assim, deliciosamente viciantes... Recordo o sorriso inicial com que me deixava ir, como se tudo não passasse de uma pastilha de morango roubada em qualquer lado... Vagueio pelas imagens mentais que tento imaginar do riso descontrolado, dos gestos impensados causados pelo estado de embriaguez provocado pela negação de todas as regras...
Agora já não rio nem sorrio, nem sequer a um esgar de contentamento me consigo obrigar, é que de repente lembrei a alienação de tudo isso e o sabor amargo que me ficou na boca.
O mel foi-se... caiu, ardeu... Restou o fel, ficou o frio...
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2 comentários:
Que desapareçam as saudades, que desapareça com o vento os negros da vida.
Que a chuva que cai de mansinho na janela, traga de volta a nostalgia da passagem das letras de um livro.
Traga o prazer do som da calma.
Que os pássaros acordem, e o piar desperte as famílias que agora nasceram.
Que as flores se abram, perdendo a timidez… que a vida se transforme e sorria para te libertar desses laços que te prendem sem querer...
Não percas a força que essas asinhas de borboleta têm, não deixes que a vida as deforme...
A tua fada...
Sabe bem a doçura do mel no céu da boca... na língua... mas é um prazer efémero...
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