28 março, 2007

a ninfa... (parte1)


É à noite que os corpos se encontram, se mexem e remexem entre as luzes turvas. Se movem ao som da lua, se curvam entre penumbras de pautas articuladas. Os olhares trocam-se e perdem-se, brilham e ofuscam. Os lábios aquecem e pedem um pouco mais de licor inebriante, um pouco de chuva... humidade... a língua mergulha na boca - louca - enquanto o suor teima em escorrer pela dança frenética das luzes.
Foi numa dessas noites de criaturas esvoaçantes, de mariposas rodopiantes, em que tudo se mexe, se toca e se troca que o corpo dela cheirou o dele... de leve... de mansinho... como se pedisse licença para sentir. Olharam-se longamente tentando perceber a atracção entre as mãos, entre os dois órgãos palpitantes... e a Terra que girava em volta, tornando turva a imagem dos seres em redor... secundários... desinteressantes...
O cabelo dela esvoaçava enquanto os olhos dele percorriam as curvas da silhueta perfeita que ela não escondia por puro devaneio de menina mulher que se quer afirmar sem pudor. O colo de alabastro, coberto de brilhos em demasia, mostravam duas pequenas saliências; indícios do que viriam a ser fontes com que alimentar não só frutos mas também olhares lascivos de machos não preparados para esta ninfeta.
Ah o cheiro de menina que exalava deixava-o completamente fora de controlo, confundia-lhe os sentidos. Todo ele queria senti-la, tocá-la, tê-la e percebê-la como um troféu. Imaginava aquele rosto redondo, vermelho de luxúria e aqueles caracóis cor de cereja desalinhados sobre os seus lençóis!
Queria prová-la, saber o seu sabor mais que com um beijo que não ia roubar. Não!
Roubar não era suficiente, não tinha chama, não tinha charme nem carisma. Não era sofisticado, não era o mais apropriado. Aquela pequena ninfa cor de cereja merecia algo... diferente... Era deliciosa demais para simplesmente mordiscar, tinha que a devorar por inteiro e no final poder saborear o caroço, o suco...
A troca de olhares difusos continuava enquanto os corpos se entendiam numa dança que fugia ao ritmo espalhado pela sala. Os dois estavam alienados do tempo e do espaço.
Eram apenas desejo.
Falar era proibido...

3 comentários:

Jomes Band disse...

Simplesmente fantástica, a tua escrita... Bjs

Joana Campos Silva disse...

ola querida.. desculpa, mas não sei qual das lilis és. conheço várias.. a pregadeira será tua certamente agora o resto tens de me dizer com mais detalhe, ou seja, envias-me um e-mail com o nome da peça.

joaninha_meme@netcabo.pt

ok? kiss kiss grande *

Anónimo disse...

Simplesmente magnífico...és uma escritora nata!
Gostava que um dia escrevesses algo sobre mim...fico à espera!

Entretanto tenho que te dizer que te adoro...